terça-feira, 3 de julho de 2012

As pedras clamariam

Tentarei com esse post apresentar uma visão sobre essa profecia de Jesus. Uma possível interpretação a qual cheguei nessas últimas semanas e que se encaixa no mundo atual e na forma como vivemos. Interpretação essa, baseada em conclusões que li em um livro de Liev Tolstói, "O Reino de Deus está em vós". Me basearei muito nesse livro para escrever aqui nesse blog.


"Alguns dos fariseus que estavam no meio da multidão disseram a Jesus: "Mestre, repreende os teus discípulos!
"Eu lhes digo", respondeu ele, "se eles se calarem, as pedras clamarão". Lc 19:39,40

Alguns dizem que hoje em dia as pedras estão clamando. Homens que nunca ouviram sobre o Reino, nem conhecem a doutrina de Cristo, clamam por justiça e paz. Chamam-os de "pedras", pois seus corações (não cristãos) são como pedra, e mesmo assim, até eles clamam pelo Reino!
Já ouvi e até compartilhei deste mesmo pensamento, mas ultimamente tenho visto de uma forma um pouco diferente essa tão profunda profecia dita por Cristo.
Para compreendermos o que o Mestre quis dizer, temos que entender o que se passou na humanidade depois de Sua obra ter sido consumada. Muitos pensam que a obra de Cristo só passa a valer e a ter sentido na práxis humana, a partir do momento em que "aceitamos" a Ele. Mentira. O sacrifício de Cristo foi, e continua sendo, muito mais abrangente do que isso. Suas consequências não se restringem a vida de uma pessoa que se diz Cristã. Sua vida e morte trouxe, muito além do que imaginamos, uma nova forma de encarar a vida para toda a humanidade.
Para chegarmos a essa conclusão, basta olharmos para a história humana desde o seu primórdio e compararmos a mentalidade de cada época vivida pelos homens.
Segundo Tolstói, a história da humanidade pode ser comparada a história de um indivíduo. Uma pessoa passa por várias épocas da vida, infância, juventude, velhice... Assim o é também com a humanidade.
Podemos classificar e entender a primeira época da vida humana, como sendo uma vida primitiva, individualista. Nessa época, o homem vivia apenas para si mesmo, sua felicidade se baseava em satisfazer seus desejos. É a primeira forma de encarar a vida que o homem descobriu.
Após essa época, teve início a segunda fase, a da comunhão. Nessa fase, o homem descobre que não basta apenas viver para si mesmo, mas para o próximo também. A sua felicidade consiste em abrir mão de seus desejos para se ter o bem comum entre os seus. Sendo assim, primeiro o homem define sua família, depois seu clã, sua tribo, sua cidade e por fim, o Estado. A cada novo passo que o homem deu, foi ficando mais difícil de abrir mão do passo anterior. Podemos ver isso na prática: É muito mais fácil um homem abrir mão de seus desejos pela sua família do que pela sua cidade, por exemplo. A cada novo estágio, é requerido mais esforço do homem para garantir sua felicidade. Essa foi a segunda época da vida humana.
Com Cristo, deu-se início a uma nova época, a época Cristã, e é nela que vivemos hoje em dia.
Com essas informações, podemos analisar o comportamento e a mente humana ao longo do tempo.
A cada nova transição de mentalidade, de uma época para outra, o homem sofre. Demora-se muitos séculos para que a nova concepção de vida possa ser assimilada por nós. O homem primitivo não queria abrir mão de si próprio pelo outro mas, ao mesmo tempo, sua consciência, a partir do momento em que atravessou de uma fase a outra, clamava por isso. A partir daí, ele vivia em um constante paradoxo, e isso o fazia sofrer.
Com o crescimento da organização social dos homens, foi sendo necessário criar artifícios que ajudassem e forçassem os homens a aceitar o novo conceito de vida. O maior desses artifícios foi a religião. Criada para explicar o inexplicável e mistificar um fenômeno natural, a religião foi responsável por elevar o pensamento humano na antiguidade e foi necessária naquela época, pois o novo conceito social de vida pedia que assim fosse.
Cristo nasceu. Com a promessa de uma renovação de vida e da instituição do verdadeiro Reino de Deus, Ele veio à Terra. Deu-se início a nova fase do conceito de vida humano o conceito Cristão. Nesse conceito, mais elevado que todos os seus predecessores, a vida humana não mais deve obedecer aos instintos e desejos, nem mais a família, nem ao clã e nem ao Estado, a Lei única que rege a vida do Cristão, é a Lei de Deus, explicada por Jesus como sendo a Lei do Amor (porque Deus É Amor).
"Amarás a Deus sobre todas as coisas e a teu próximo como a ti mesmo". Essa é a síntese da Lei do Amor. Contra ela, não existe lei humana que possa se sobrepor ou superar. A partir daí, o homem não vive mais para si mesmo nem para suas organizações sociais, ele vive para Deus e para o Amor. Amor esse, que supera todas as coisas. Esse novo conceito foi impresso no coração e na mente da humanidade por Cristo, e nós, todos nós, clamamos por isso.Mas como disse antes, passar de uma fase a outra, é sofrimento e demorado. A religião que antes era necessária para a humanidade, não mais o é, porque Cristo nos deu sua Lei, e é por ela que devemos viver, e não pelas leis de um clero, ou grupo de pessoas que se autodenominam "enviados de Deus". Ele próprio nos deu sua Palavra.
Logo após a ressurreição de Cristo, os seus discípulos entenderam que se fazia necessário, atravessar essa nova fase. E para isso, Ele os disse: "Pregai o Evangelho (que significa: Boas Novas, ou Novidade) a toda criatura!" E isso foi feito.
Até determinado momento, o Reino estava sendo pregado, apesar das desavenças surgidas já na igreja primitiva. Mas os homens que não desejavam abraçar e a viver o novo conceito de vida, transformaram a obra dos primeiros Cristãos, em uma religião. Passaram a chamá-la Cristianismo e a confiná-la em um nome exportado dos próprios escritos de Lucas em Atos: Igreja.
Tentamos pegar o Evangelho, novidade de vida, e trazê-lo para o conceito antigo de vida. Teria sido um sucesso, se não fosse o que Cristo disse: "se eles se calarem, as pedras clamarão". A nova/antiga Igreja, já não era mais Cristã. Ela voltou-se aos princípios pagãos, anteriores a Cristo. Mas os verdadeiros cristãos, aqueles que entenderam a obra de Cristo, não se calaram e continuaram a proclamar o Reino. Esses foram chamados de Hereges e sofreram o martírio, tanto por parte da igreja católica quanto pela protestante e pela ortodoxa. Mas nunca fez-se necessário que pedras clamassem. A própria consciência humana clama. E hoje, nós vivemos no mesmo paradoxo que vivia o homem antigo: Sabemos o que é certo, mas fazemos o errado.
Sabemos que a Paz é a solução e que a guerra só gera guerra. Mas continuamos a fazer Guerra em noma da Paz. Sabemos que para nós, não há Lei, senão a Lei do Amor, e continuamos a obedecer o Estado (Suportado pelas Igrejas / Religiões) que só nos escraviza. Nossa alma (a de toda a humanidade) clama pelo Evangelho, e não as pedras.
Mas os homens que não conhecem ao verdadeiro Cristo, continuam buscando a solução desse paradoxo em outros lugares. Sabem que a atual ordem das coisas não leva em nada, e estão procurando elevar ainda mais o conceito social de vida, afim de que cessem as guerras e cheguemos a paz. Querem elevar o conceito de obediência ao Estado, a obediência à humanidade. Um governo soberano e humano que a todos governe. E isso foi profetizado várias vezes, principalmente em Apocalipse e vemos se cumprir em nossos dias. Esse governo, será suportado pelas igrejas e religiões. Eis a Prostituta do Apocalipse. Mas a noiva, a verdadeira, nunca será manchada.
Nós, conhecedores da Verdade, sabemos que nada adianta elevar o conceito social, porque as coisas velhas já passaram e eis que TUDO se fez novo.
Que possamos proclamar o Reino e o Evangelho de Cristo. Nós temos a solução para o paradoxo da consciência humana. E que Deus seja conosco.

Em Cristo,

Lucas.

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